terça-feira, novembro 29, 2005

Timor

Portugal, com um mínimo de preparativos, poderia ter impedido a invasão indonésia de Timor em 1975.
A conclusão está inscrita em documentos secretos da administração norte-americana que, entretanto, foram divulgados.

Os 39 documentos secretos da administração norte-americana, agora revelados pelos EUA, revelam vários contactos diplomáticos que foram feitos a seguir à Revolução de Abril, quando era já eminente a invasão indonésia a Timor-Leste.Segundo os documentos, logo após o 25 de Abril o governo indonésio começou a sondar Washington sobre Timor e sobre uma eventual anexação por parte de Jacarta.Foram trocados memorandos entre o funcionário do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos em Jacarta e o então conselheiro Henry Kissinger.

O governo norte-americano foi informado dos receios de Jacarta quanto a uma retirada apressada por parte dos portugueses.
Para a Indonésia, a saída de Portugal de Timor deixaria o território enfraquecido e sujeito aos instintos de esquerda de alguns líderes do movimento independentista.

A Indonésia dizia, também, que existiam, cada vez mais, pressões para uma acção militar directa dos indonésios em Timor-Leste.
Os documentos avançam também que as autoridades portuguesas fizeram saber, em Março de 1975, que não iriam opor resistência a qualquer uso da força por parte da Indonésia.

Apesar da posição portuguesa, os EUA fizeram uma análise militar em Timor e concluíram que Portugal tinha capacidade para encurralar os indonésios em Díli.

A mesma análise avançava que Portugal não precisava de muitos preparativos nem de muitos dias de aviso para montar essa operação, uma vez que podia contar com o apoio da população.Os documentos secretos de Washington sublinham que os portugueses não praticaram o apartheid e as relações inter-raciais eram excelentes.

A posição dos Estados Unidos foi de se manter afastado do problema dizendo que Washington não tinha objecções à fusão de Timor-Leste com a Indonésia desde que essa fosse a vontade da população.O responsável norte-americano em Jacarta avisava também que poderia haver problemas se houvesse uma tomada pela força.

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